Jovem pós-medida socioeducativa sonha em cursar engenharia civil

16 de setembro de 2021 - 14:32

Texto: Marconi Alves/Ascom Seas Fotos; Bruno Victor Souza/ Normatel, Arquivo Seas

Francisco Arnóbio Jr., 18, após oito meses de cumprimento de medidas socioeducativas, no Centro Socioeducativo de Sobral mira um horizonte de oportunidades. Há três meses assumiu a função de técnico burocrático na Escola de Ensino Médio Monsenhor Linhares, no município de Groaíras, na região Norte do Estado, beneficiado pelo Programa de Reservas de Vagas do Estado. Hoje, enxerga o mundo com as lentes da esperança, em busca de uma nova forma de vida.

“Aprendi muito com os socioeducadores e com apoio da família, principalmente meu pai. Sabia que a qualquer momento daria a volta por cima, como estou realizando agora. Um novo mundo para mim, novas conquistas e realizações. Meu coração está em paz, minha vontade de acertar é enorme”, comentou Francisco Arnóbio.

Por vários meses, logo que deixou a unidade, Arnóbio alimentou o sonho do primeiro emprego. Acordava às 5 horas, fazia o café e subia na bicicleta para visitar as empresas e entregar o seu currículo. Eram 16 quilômetros ida e volta, mas a vontade de mudança superava o cansaço :

“Nunca desanimei, pois queria outra vida para mim. Numa tarde, meu pai, meu maior incentivador, recebeu uma ligação da Seas, informando que havia surgido uma vaga de emprego para mim. Ao chegar em casa, ele me contou a novidade. Choramos abraçados”, conta.

Todos os meses, Arnóbio separa parte do salário com o objetivo de montar o próprio negócio. Quer ser empreendedor. Mas o sonho não para por aí. Enxerga mais longe. Ele está estudando e tem o propósito de se formar em engenharia civil e ser um exemplo para muitos jovens: “O meu conselho para a juventude é que não vale a pena seguir o caminho errado. Errar uma vez, é normal, mas permanecer no erro é burrice”, assegura.

Meu nome é valioso”

J.D, 20, cumpriu medida socioeducativa no Centro Socioeducativo Aldacir Barbosa, em Fortaleza. Há quatro meses, a sua vida se transformou. Foi beneficiada pela Lei de Reservas de Vagas do Estado, parceria Seduc/Seas. Trabalha como auxiliar de serviços gerais em uma escola de Sobral, na zona Norte do Estado.

Numa frase, J.D resume o seu novo momento: “Hoje meu nome se torna valioso, pois antes era um tanto faz”. Ela diz que passou uma borracha no passado e pensa em evolução e novas conquistas todos os dias. O sonho da casa própria é o próximo passo. Mas vislumbra outros objetivos: “Meu Deus, como eu queria viajar pelo Brasil e até para outros países! Coloquei na minha cabeça a seguinte frase: persista; não desista”.

Para ela, ao contrário do que muitos pensam, as unidades socioeducativas não reprimem, não representam punição: “Gente, eu aprendi muita coisa boa lá dentro. São profissionais capacitados, uma verdadeira escola. Sou grato a todos os socioeducadores do Aldacir Barbosa. Agradeço, também, ao senhor Elson Silvério (assessor técnico da Seas) por tudo o que fez por mim”, pontuou.

Jovens no mercado de trabalho

Francisco Arnóbio e J.D  são apenas duas referências e boas experiências do Pós-Medida. Coma efetivação do Programa de Oportunidades e Cidadania no âmbito da Superintendência do Sistema Estadual Socioeducativo (Seas), a tendência é que os resultados sejam bem maiores. Alguns projetos como o Bolsa Jovem, da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas de Fortaleza, Programa de Reservas de Vagas do Estado e Jovem Aprendiz, do Grupo Normatel, os jovens pós-medida já estão sendo chamados para a primeira experiência no trabalho.

Com os esforços de diversos atores envolvidos, 17 adolescentes e jovens foram inseridos no Projeto Bolsa Jovem da Coordenadoria de Juventude de Fortaleza. Outros 20 adolescentes e jovens oriundos do meio fechado e meio aberto ingressaram no Programa Jovem Aprendiz, do Grupo Normatel. No início dessa semana, eles iniciaram o Curso de Aprendizagem Básica em Assistente de Produção em instalações residenciais e industriais. O curso está sendo ministrado no Senai Jacarecanga, ação efetivada pela articulação do Senai, Ses (Edulivre) e Superintendência Regional do Trabalho e Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social -SDHDS e Seas.

Pela Lei de Reserva de Vagas, houve a inserção de seis jovens no mercado formal de trabalho, sendo cinco vagas disponibilizadas em empresas terceirizadas que prestam serviços para Secretaria de Educação do Estado do Ceará. Três vagas foram preenchidas no município de Iguatu e duas em Sobral. Além do suporte dos técnicos da Semiliberdade de Iguatu, Semiliberdade de Sobral e do Centro Socioeducativo de Sobral, a Seas conta com apoio do Instituto de Desenvolvimento e Trabalho – IDT, que fazem a gestão do Sine – vinculado à Secretaria de Desenvolvimento e Trabalho. Nessa parceria, foram realizadas oficinas de orientação profissional e cadastro de jovens para inserção no mercado de trabalho.

Apoio às famílias

Vale ressaltar o trabalho articulado que a Seas mantém com a SAP/Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso – Cispe, para encaminhamento de jovens pós-cumprimento de medida e de egressos para vagas provenientes da Lei de Reserva de Vagas, considerando a observância dos percentuais estabelecidos na lei. Como bom resultado dos projetos, destaca-se a inserção de um jovem na rede privada de supermercados, adolescente que estava sendo acompanhando há quase um ano. As ações exigem a ampliação e consolidação desta rede de parceiros.

Para o assessor técnico da Seas, Elson Silvério, não se pretende que essa proposta se configure como uma obrigação pós cumprimento de medida: “Esperamos que possa vir a se configurar em ações relevantes para o apoio aos adolescentes e suas famílias, cuja adesão fica condicionada integralmente aos interesses e necessidades de cada participante, que almeje trilhar novos caminhos em busca de sua realização pessoal, familiar e comunitária”, concluiu.

Apoio às famílias

Vale ressaltar o trabalho articulado que a Seas mantém com a SAP/Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso – Cispe, para encaminhamento de jovens pós-cumprimento de medida e de egressos para vagas provenientes da Lei de Reserva de Vagas, considerando a observância dos percentuais estabelecidos na lei. Como bom resultado dos projetos, destaca-se a inserção de um jovem na rede privada de supermercados, adolescente que estava sendo acompanhando há quase um ano. As ações exigem a ampliação e consolidação desta rede de parceiros.

Para o assessor técnico da Seas, Elson Silvério, não se pretende que essa proposta se configure como uma obrigação pós cumprimento de medida: “Esperamos que possa vir a se configurar em ações relevantes para o apoio aos adolescentes e suas famílias, cuja adesão fica condicionada integralmente aos interesses e necessidades de cada participante, que almeje trilhar novos caminhos em busca de sua realização pessoal, familiar e comunitária”, concluiu.