Jovem cearense em medida socioeducativa é aprovado em segundo lugar no Enem

15 de março de 2022 - 15:49

Texto: Marconi Alves/Ascom Seas Fotos: George Braga/Ascom Seas/ Glicia Brasil - Seas

“Na vida, é possível vencer, crescer e ser novamente um cidadão. Esse sonho, que está dentro de mim, vai se tornar realidade”. Quero ajudar a minha família”. A fala é do jovem que cumpria medidas socioeducativas. Aos 18 anos, ele foi aprovado em segundo lugar no Enem para o curso de Música.

Chegou há cinco meses na unidade. Com constantes crises de ansiedade, encontrou na música uma grande saída para lidar com as situações adversas. Mas foi na sua terra natal, no interior cearense, aos 11 anos, que ganhou a primeira oportunidade de tocar um instrumento na Banda Municipal da cidade.

“Gosto muito de instrumentos de sopro. E o maestro reservou pra mim um clarinete. A gente começa errando, mas, com a prática, acaba dominando o instrumento”, conta. Hoje, além do clarinete, toca saxofone alto, trompete, bombardino, saxofone tenor, e está aprendendo teclado, violão e ukulelê.

Ele quer ir muito além. Pretende se formar em música e, quem sabe, um dia gravar um trabalho autoral, pois já escreveu diversas poesias em forma de música. Quanto à voz, já está se preocupando. As aulas de canto serão importantes nessa investida: “Hoje sou uma pessoa muito feliz. Agradeço a todos que me deram a chance de ser gente outra vez”.

Um grande exemplo

Gostar de escrever também é uma das virtudes dele. Tanto é que na prova do Enem obteve 720 pontos que colaboraram, em grande parte, com a segunda colocação para o curso de Música. No Centro Socioeducativo, no evento Abraço em Família, ele é a grande atração. Na última edição, ele recitou o Poema “Sou Jovem”, onde apresenta a juventude como esfera de mudança para o mundo.

Para a psicóloga Mônica Dantas, que acompanha o dia a dia do socioeducando, trata-se de um talento e um exemplo para os demais que estão cumprindo as medidas socioeducativas.

 

Transformando vidas

“Por meio da música, ele melhorou sensivelmente dos momentos de ansiedade, só pensa em crescer, trabalhar e ajudar a sua família. É preciso que a sociedade veja, perceba que é possível essa ressocialização, transformando vidas. A unidade socioeducativa também é uma grande escola”, pontua Mônica Dantas.

Os olhos da diretora Elisa Barreto brilham quando vem à tona o nome do futuro universitário. Um exemplo de que o trabalho vem evoluindo e as conquistas vão surgindo.

“Logo que ele chegou, fomos descobrindo suas habilidades. Em tão pouco tempo, passou a enxergar as coisas boas. E ele consegue fazê-las bem. As oportunidades devem ser aproveitadas. Aprendeu isso e colocou em prática”, atesta Elisa Barreto.